Palavra do Pároco

Compaixão é ter mais coração nas mãos

Compaixão é ter mais coração nas mãos

"Se houvesse mais amor, o mundo seria outro; se nós amássemos mais, haveria menos guerra. Tudo está resumido nisto:

Dê o máximo de si em favor do seu irmão, e, assim sendo, haverá paz na terra". (Santa Dulce dos Pobres)
 
92. Na história da Igreja, temos muitos exemplos de homens e mulheres que, pelo encontro com Jesus Cristo, testemunharam o verdadeiro sentido da compaixão. Um dos momentos mais difíceis da experiência humana é quando somos acometidos de uma doença. Nessa hora, a compaixão toma seu mais forte significado. Esse "sofrer com" é o sinal do nosso total respeito e interesse pela pessoa enferma. Um grande exemplo de compaixão na doença é de São Camilo de Lellis. Ele dizia aos cuidadores: "Colocai mais coração nessas mãos!".
93. O Papa Francisco, ao falar médicos católicos e para os profissionais da saúde, nos recorda que, "a fragilidade, a dor e a doença são uma provação difícil para todos, até para o pessoal médico, são um apelo à paciência, ao 'sofrer com'; portanto, não se pode ceder à tentação funcional de aplicar soluções rápidas e drásticas, movidos por uma falsa compaixão nem por meros critérios de eficiência e de preservação econômica. É a dignidade da vida humana que está em jogo.
94. De fato, quem ama não julga, não acusa, não divide! Quem ama, cuida, acolhe, integra. Quem ama dialoga, suporta, se compadece. O egoísta e prepotente, cujo alcance da visão e do coração é ele mesmo, julga o mundo a partir de si, esquecendo-se de que seu olhar está embaçado pelo pecado, seu coração está entupido pela maldade. O que seria do mundo se nos julgássemos menos e nos compreendêssemos mais? O que seria do mundo se houvesse menos competição e mais compaixão? Não seria um mundo diferente se houvesse menos voracidade e mais partilha?
95. "Mas é nocivo e ideológico também o erro das pessoas que vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-o algo de superficial, mundano, secularizado, imanentista, comunista, populista; ou então relativizam-no como se houvesse outras coisas mais importantes, como se interessasse apenas uma determinada ética ou um arrazoado que eles defendem. (...) Não podemos nos propor um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente" (GeE, n.101).
96. Nossas mãos não podem estar fechadas para socar. Elas têm de estar abertas para apoiar. Não podem ser mãos fechadas para agredir. Devem ser mãos unidas para cuidar. Sem ter onde reclinar a cabeça (Mt 8,20), com tantos recursos, tanta tecnologia, tanto avanços científicos? Estamos acomodados em nossa zona de conforto, ou temos coragem de termos em nós os mesmos sentimentos de Jesus, fazendo de nossas vidas uma oferta generosa da presença de Deus?
97. Precisamos aprender a contemplar a casa comum e perceber que toda a criação é um hino à comunhão, à harmonia e à fraternidade. "Custa-nos reconhecer que o funcionamento dos ecossistemas naturais é exemplar" (LS, n. 22). Triste gastar o tempo nos embates e nas acusações, quando ele poderia ser utilizado na prática da misericórdia, da solidariedade e do perdão.
 
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Fonte: Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2020 - Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso - "Viu, sentiu compaixão e cuidou dele" (Lc 10, 33-34)

santa teresinha