As oportunidades e dificuldades da vida em comunidade.
Dentro de uma comunidade há sempre obstáculos que devem e precisam ser superados. Não se trata de um lugar onde as pessoas se encontram para conversar e preparar eventos, mas sim, do encontro dos irmãos com o Pai. A mesa é comum para todos, independentemente da personalidade, situação ou privilégios civis, todos são iguais na casa do Senhor. Quem melhor do que o fundador do cristianismo para ensinar a fórmula perfeita de uma boa convivência paroquial? “Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13, 34), nesta perspectiva de amor fraterno é notável que a intenção da vida comunitária é acolher, sustentar e ajudar. Cristo propõe uma nova forma de amar, que é dar a vida pela redenção de muitos.
Só se entende o objetivo da vocação cristã se esgotando pelo o outro e não por si mesmo. Sendo assim, será uma grande hipocrisia quando ao falar de Deus, que é o próprio amor, não se conseguir amar o próximo que se pode ver, sentir e tocar. O Bom Deus está no rosto de cada um que caminha neste mundo e quer ser encontrado. Vale lembrar, que aqui se fala de amor e não de gostar. Quem ama procura a felicidade do outro, enquanto quem gosta procura a sua própria felicidade no outro. Quem quer ser santo é duro consigo mesmo, mas compreensível e manso com as pessoas.
Segundo Tertuliano (Apolog. 39) os pagãos se admiravam ao ver como os cristãos se tratavam e zelavam uns pelos outros, exclamavam entre eles: “Vede como eles se amam!”. Nos dias atuais ao contemplarem as comunidades católicas pode-se dizer o mesmo? Os membros de uma congregação cristã têm a oportunidade de apresentar ao mundo uma nova forma, tão antiga e tão nova, de convivência e partilha. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).
A Igreja não é constituída só por santos, mas também por pecadores que atingidos pela Palavra buscam e querem ser melhores. É preciso tempo e dedicação na lapidação de diamante de tão rara beleza que é a alma. Pelo batismo as criaturas se tornam irmãos e assim as barreiras da divisão e do ódio se transformam em olhos de misericórdia. Os primeiros cristãos tinham tudo em comum, inclusive um só coração e uma só alma, assim unidos ao Criador que lhes chamou a tão nobre estado de graça.
Em uma comunidade deve imperar o respeito as diferenças, o saber ouvir, acatar opiniões contrárias, paciência nas fraquezas do próximo, espírito de concórdia e solidariedade. Mesmo quando tudo for propício a mágoa e ao ressentimento, em Cristo a comunidade se alegrará e transformará tudo em paz e tranquilidade. A prática do evangelho começa no seio da Igreja, entre os comuns, para depois transbordar no mundo, onde tantos precisam desta felicidade que a terra não pode dar, mas que em Deus nunca acaba.