No fim do século XVII já existia a devoção a Nossa Senhora do Rocio (antes de 1686 não se encontra, na história do Paraná, referência alguma a esta devoção). Pela tradição sabe-se apenas da existência, no Rocio, de um índio ou africano pescador, conhecido por Pai Berê, cuja choupana ficava justamente no local onde hoje é o santuário.
Certo dia esse homem, ao lançar a rede ao mar, colheu uma imagem que reconheceu ser de Nossa Senhora, e, levando-a para casa, instituiu terços em sua honra na primeira quinzena de novembro, provavelmente para recordar a época do achado.
Com aqueles tempos eram de fervorosa fé, os vizinhos acorreram desde logo aos terços do Pai Berê, e, dentro em pouco, espalhada a fama dos milagres obtidos por intercessão de Nossa Senhora, representada naquela imagem, a devoção começou a ser praticada também pela gente da vila, que abalava pela estrada arenosa até a cabana do pescador, para assistir aos terços ou cumprir promessas.
Não tardaram os devotos da vila a pretender a posse exclusiva da imagem, tomando-a ao Pai Berê, para coloca-la em altar mais apropriado, na Matriz. Mas, diz a lenda, tantas vezes foi à imagem processionalmente conduzida para a vila quantas as que se evadiu, sem intervenção humana, amanhecendo em seu lugar, no humilde oratório, até que, convencidos da impossibilidade de a deterem na igreja paroquial, resolveram construir uma capela no Rocio.
A capela foi começada antes de 1797; mas, pela escassez dos recursos, só foi terminada em 1813, quando a benzeu solenemente, em novembro desse ano, o Revmo. Pe. Manuel de são Tomé, celebrando-se então a primeira Festa em templo próprio e com aparato nunca visto.
Em maio de 1924 foi concluído o atual santuário, continuando a devoção a Nossa Senhora do Rocio a ser o alento e a esperança das gerações paranaguenses.
À imagem achada por Pai Berê deram o nome de Nossa Senhora do Rocio, porque assim se chamava o lugar onde ele morava. Esse lugar é hoje um pitoresco arrabalde de Paranaguá, estado do Paraná, Brasil.
Pe. Armando