Por: Pe. Valdemar Alves Pereira
Estimados leitores! Estamos no mês de maio, mês mariano. Queremos nesse mês caminhar com aquela, que renunciou a tudo, inclusive ao direito de falar, por causa da obediência a vontade de Deus, alguém que teve que renunciar a si mesma, aos seus projetos, sem poder fazer qualquer tipo explicação ou defesa pessoal.
Foi duro o silêncio de Maria. Ter algo a dizer e não poder fazê-lo, não porque não houvesse o que dizer, mas porque jamais seria compreendida, isso dói!
Por mais santo que José fosse, era noivo. Como iria compreender que a mulher com quem prometera se casar estava grávida, mas não houvera traição? E Maria não disse nada. Rezou e esperou.
Não foi um silêncio fácil, nem para ela e nem para José. Agora, de longe, parece tudo muito santo e muito bonito. Lá, naqueles dias, foi um tormento doloroso para os dois. Para ele, porque tudo apontava para a infidelidade, por mais que amasse Maria e quisesse crer na pureza dela. Para ela, porque, mais que explicasse, não se faria compreendida. Os evangelhos deixam isso muito claro.
Ninguém de nós compreende aquele silêncio, a não ser que passe pela experiência de ter que ficar quieto, porque o falar implicaria em maior sofrimento para nós e para os outros.
É duro o silêncio de quem não pode falar, nem mesmo para explicar. Milhões de pessoas tiveram que ficar quietas ao ponto do martírio. Muitos conhecem a tortura do silêncio. É assim o silêncio dos psicólogos, de leigos envolvidos com casos delicados de droga ou desvios graves de comportamento; é assim o silêncio de padres, religiosos e religiosas.
Não sabe o que é o martírio aquele que não teve que engolir em seco sua verdade. Uma palavra a defenderia, mas ela não pôde ser dita. E se dita nem as pessoas mais próximas nem os amigos a compreenderia O difamado ou caluniado dificilmente tem defesa. Por mais inocente que seja, não há o que dizer, nem adianta dizer, porque onde foi o boato, não vai o fato.
Maria fez o certo. Calou-se e deixou tudo nas mãos de Deus. “Seja como Deus quiser!” E não disse mais nada! Quando tivermos que guardar algum enorme silêncio, porque dizer faria bem a nós, mas faria mal a outros, guardemos silêncio. O Deus que pôs a luz no ventre de Maria, também a pôs na cabeça de José. É rezar, pedir luzes e assumir a cruz. Afinal, nenhuma palavra faz sentido sem o silêncio que a acompanha. Nós, cristãos, deveríamos entender este mistério. Deus é comunicação, mas o que Ele mais faz é silêncio. E todos os que disseram alguma coisa de útil em nome d’Ele, precisaram primeiro entender este silêncio.
Tudo que é definitivo nasce do silêncio, o silêncio é o novo nome de Deus. Essa palavra resume a vida, a história e o sim de Maria, que foi fiel na fé, na perseverança e no amor. Que Deus nos abençoe, pela intercessão da Virgem Maria. Amém
Fonte: Larrañaga Inaci, O silêncio de Maria, nona edição, Ed. Paulinas, Piracicaba, SP. 1977. Os. 90-114.