Por: Pe. Valdemar Alves Pereira SdC
O Jejum, a esmola e a oração são práticas de mortificações que sempre estiveram presentes na vida de Jesus e na sua Igreja. Estamos vivendo esse tempo da quaresma como um retiro em preparação para a grande festa do Cristianismo, a Páscoa da Ressurreição.
Nada melhor nesse tempo de retirada, nos afastarmos das coisas do mundo e deixarmos contagiar com a graça e a bênção de Deus. Sair do mundo significa abster-se de coisas que apetitavam muito ou aguçava o prazer; fazendo isso, estou Jejuando. Retirar-se, se supõe que queremos estar sintonizados com Deus o tempo inteiro, a ferramenta para isso se chama oração.
Durante o retiro, tempo de graça, me encho das dádivas de Deus. Somadas essas riquezas espirituais à aquelas materiais, fruto da economia feita com o nosso jejum podemos dar de esmola aos pobres. Percebemos que são práticas indispensáveis na vida do Cristão e porque não dizer, do ser humano. Elas estão interligadas, uma depende da outra, falhando numa falho em todas.
Seja discreto na vivência dos exercícios de piedade, lembre-se que o jejum não é para me entristecer, a esmola não é para mostrar que sou bonzinho, e oração não deve me tornar um fariseu, mas devem ser meios que me levem a um encontro comigo mesmo, e com Deus. Portanto, servem para nossa alegria interior, e para nos unir aos irmãos e a Deus.
Falando mais especificamente do Jejum o Profeta Isaías diz que: “ele deve ser em primeiro lugar abstenção do pecado, em segundo lugar, deve me tornar mais disponível para Deus” (Is 58,6).
Já São João Crisóstomo, ao recomendar o Jejum, diz que o dinheiro economizado com a abstinência daquilo que eu mais gosto, ou que me dá prazer, deve ser doado aos pobres, e se eu não o fizer estou privando-os de um direito deles. Assim, o Jejum tem por alvo o Coração, mais do que o estômago. Nossa fome e nossa abstinência, devem nos tornar solidários de pessoas que, ‘jejuam’ todos os dias forçados pela situação de miséria em que vivem.
Que as práticas quaresmais agucem a fome e a sede de justiça, de amor e de paz, e leve-nos a evitar todo o tipo de interesse egoísta. Quem viver esse tempo assim, descobre que não só está jejuando, mas amando de verdade.