No segundo Domingo da Páscoa, a Igreja celebra a Festa da Divina Misericórdia.
Escreve Santa Faustina: “Ó meu Jesus, vós sabeis que, desde os meus mais tenros anos, eu desejava tornar-me uma grande santa, isto é, desejava amar-vos com um amor tão grande com que até então nenhuma alma vos tinha amado” (Diário1372). Sabemos que o Senhor a escolheu para uma missão especial. Depois de passar pela “noite escura” das provações físicas, morais e espirituais, a partir de fevereiro de 1931, em Plock, o próprio Senhor Jesus Cristo começa a se manifestar à Irmã Faustina de um modo particular, revelando de um modo extraordinário a centralidade do mistério da misericórdia divina para o mundo e a história, presente em todo o agir divino, particularmente na Cruz Redentora de Cristo, e novas formas de culto e apostolado em prol desta sua divina misericórdia. Descreve esta primeira visão: “Da túnica entreaberta sobre o peito saíam dois grandes raios, um vermelho e outro pálido. Logo depois, Jesus me disse: Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em vós” (Diário 47). Ao longo do Diário descobrimos que Jesus a escolhe como secretária, apóstola, testemunha e dispensadora da divina misericórdia.
De fato, a misericórdia é uma magnífica manifestação do amor do Senhor; é “filha predileta do amor e irmã da sabedoria, nasce e vive entre o perdão e a ternura” (Ignacio Larañaga). Só o amor poderia criá-la, e nasce de bondade que liga Deus aos seres humanos, prescindindo da situação moral e social da humanidade, pois ela é gratuita na iniciativa do amor. A palavra “misericórdia” tem origem em dois termos latinos: “Miserere” e “cor”. O primeiro lembra piedade, compaixão implorada por quem se encontra numa grande tribulação. É difícil permanecer duros e insensíveis diante de quem grita com lágrimas e suspiros! “Cor” remete a “coração”, que na compreensão cristã diz respeito ao centro da vida espiritual, sede dos sentimentos de alegria, dor, amor, serenidade. É aqui, no sentido amplo de coração, que fazemos a avaliação das escolhas decisivas da vida. E o coração aponta também para o núcleo último do ser humano e sua personalidade inteira, sua vida interior e seu temperamento. Coração dado, apaixonado pela miséria, eis a Misericórdia.