O Seminário terá como temática principal "A importância da Catequese na formação do futuro presbítero" e será realizado na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF), de 15 a 17 de julho. Seu objetivo é o de reforçar o espaço que a Iniciação à Vida Cristã e a dimensão catequética ocupam na formação dos candidatos ao presbiterato
O objetivo da reunião foi finalizar um subsídio sobre inteligência artificial, que está sendo preparado coletivamente pelo Grecom, por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais, a ser celebrado no Domingo da Ascensão do Senhor. O tema proposto pelo Papa para este ano é “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”

ARTIGOS DOS BISPOS

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

 

 

Cadernos do Concílio – Volume 15 

 

Hoje nos debruçaremos no volume 15 da coleção cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II que traz como tema: O Mistério da Igreja. Muitas vezes quando falamos em mistério pensamos em algo duvidoso, secreto, ou que tenha que ser desvendado, mas na Igreja o mistério tem um sentido diferente, ou seja, buscamos compreender em cada missa o mistério pascal de Cristo, que só será revelado plenamente na eternidade.  

Todas as vezes após a consagração o sacerdote diz: “Eis o mistério da fé”, ou seja, aquilo que acabou de acontecer no altar aos olhos humanos é incompreensível, mas será revelado de maneira plena no céu.  

 Em Cristo depositamos toda a nossa confiança, Ele é a cabeça da Igreja e nós somos os membros. Estamos em comunhão com Cristo, e dessa forma em comunhão com os irmãos. A Igreja vai muito além do templo de pedra e tijolos, a Igreja somos todos nós, de certa maneira, templos do Espírito Santo.  

As quatro notas da Igreja Católica dizem que nossa Igreja é: Una, Santa, católica e apostólica. Una porque essa Igreja é única; Santa porque foi fundada por Cristo e é constituída por homens que estão a caminho da santidade; Católica significa que essa Igreja é universal, ou seja presente no mundo todo; Apostólica quer dizer que essa Igreja provém dos apóstolos, inclusive os bispos são sucessores dos apóstolos. Por isso, a missão da Igreja é salvaguardar a fé e fazer com que cada fiel contemple o mistério.  

A Igreja também pode ser compreendida como mistério, pois justamente como dissemos acima, não foi fundada por mãos humanas, mas pelo próprio Cristo. Essa Igreja permanece de pé até os dias de hoje porque é conduzida pelo Espírito Santo. Através da ação do Espírito Santo, é possível consagrar a Eucaristia, perdoar os pecados e proferir os demais sacramentos. Jesus, no dia de Pentecostes, sopra sobre os discípulos o Espírito Santo e os envia em missão aos quatro cantos da terra, iniciando dessa forma a Igreja primitiva. São mais de dois mil anos de história, por meio do Espírito Santo é possível salvaguardar a fé e conduzir os fiéis ao mistério.  

Cristo é o sacramento do Pai, e consequentemente a Igreja é sacramento de Cristo. A Igreja tem a missão de levar adiante os sacramentos instituídos por Jesus. A missão última da Igreja é a salvação de todos os fiéis, todos os sacramentos são sinais de salvação. Até o último momento da vida de uma pessoa é possível salvá-la, por isso existe o sacramento da unção dos enfermos que é ministrado pelo sacerdote pela cura ou pela configuração à cruz de Cristo, mas também pode ser diante do leito de morte e a pessoa tem oportunidade de se confessar ou se não está lúcida receber a absolvição geral dos pecados.  

O fim último da Igreja é ser sinal de salvação para todos os fiéis, que vem por meio dos sacramentos e que, consequentemente, é o mistério da fé que a Igreja guarda.  

A Igreja revela o mistério escondido através dos séculos todas as vezes que atualiza o mistério pascal de Cristo consagrando a Eucaristia. O mistério pode ser entendido como sacramento, conforme citamos acima. Por isso, se Cristo é o sacramento do Pai, a Igreja é sacramento de Cristo.  

A Igreja é visível e histórica, ao mesmo tempo que ela revela para nós o invisível, provém da Santíssima Trindade e nos revela o plano de amor de Deus para nós. Conforme já dissemos, a Igreja é santa porque foi fundada por Cristo, mas ao mesmo tempo é pecadora, pois é conduzida por homens. O mistério que a Igreja celebra e consequentemente revela é ministrada por homens e esses homens são pecadores como qualquer outro, mas esse mistério acontece e é legitimado graças a ação do Espírito Santo.  

Por parte dos fiéis cabe manter a confissão e a vida de oração em dia, para que não aconteça como dizia o apóstolo Paulo, de comungar a nossa própria condenação. Ao comungar do Corpo e Sangue de Cristo fazemos parte da família de Cristo que é a Igreja. Os membros da Igreja, que somos cada um de nós, batizados e batizadas fazemos parte da família de Deus, que tem Cristo como cabeça, e devemos estar sempre voltados a Cristo.  

No momento da “doxologia final”, ou seja, antes do Pai Nosso, ao final da liturgia Eucarística aquele que preside diz: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”, ou seja, o mistério Eucarístico é apresentado aos fiéis e todo o nosso “Ser” deve ser voltado a Ele. Ele formou uma “família” e quer que todos nós estejamos com Ele até o fim.  

Jesus enquanto esteve entre nós anunciou o Reino de Deus, na verdade Ele próprio era Reino de Deus. A intenção de Deus Pai ao enviar o seu Filho à terra era instaurar aqui o Reino de Deus. Esse Reino consistia em viver a justiça, paz, amor, perdão e misericórdia. Infelizmente, como sabemos, nem todos aderiram a esse Reino proclamado por Jesus, e esse Reino se consolida na Cruz.  

Após a ressurreição, Jesus sopra em Pentecostes o Espírito Santo sobre os discípulos e os envia em missão para continuar aquilo que Ele iniciou. Isso continua até os dias de hoje a Igreja continua a anunciar o Reino de Deus, mas só viveremos concretamente esse Reino na eternidade. Por isso, anunciamos aqui o Reino de Deus e viveremos de maneira plena no céu. Isso também faz parte do mistério de Cristo que é a Igreja.  

Convido a tomarem o volume 15 dessa coleção cadernos do Concílio e ler sobre o mistério da Igreja e buscar nos documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II o que fala sobre o assunto. Continuemos sendo sinal de Cristo nos dias de hoje e anunciemos com alegria o Reino de Deus, tornemos presente o mistério de Deus entre nós.  

 

 

 

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

 

 

A existência da vida sobre a extensão do universo significa manifestação da vontade divina sobre toda a natureza criada. Divino e humanamente falando, ela é a realização concreta da prática do amor, que se torna plenamente consolidada no encontro com o Deus da vida, no encontro com a Pessoa de Jesus Cristo. Mesmo diante do progresso científico, a preservação da vida depende de Deus. 

A vida vem de Deus, mas toda ela existe para a realização do ser humano, como proposta de felicidade, com fundamento na dignidade das pessoas. Foi por causa disso que foram dadas as Leis do Decálogo (Ex 24,12), com a finalidade de recuperar a identidade perdida durante a vida na história. O povo da promessa tinha caído no ostracismo em relação às orientações comunicadas por Moisés. 

 O que caracteriza mesmo a vida humana, principalmente quando a pessoa é temente a Deus, é o dom da liberdade realizada sem limites na condução e na prática do bem comum para todos. Liberdade de ação estendida, porque não pode admitir atitudes de discriminação e de ideias restritas, fechadas, mas abertas para elevar o ser humano na condição de plenamente humano e divino. 

O amor vindo e percebido pela prática da fé cristã, revelado por Deus, que gera vida plena, tem uma dimensão diferente do amor próprio e natural presente no ser humano. É importante entender que o amor a Deus e ao próximo é o máximo dos dons divinos, porque Deus é amor. A máxima desse amor está no fato de enviar o Filho ao mundo com a missão de dar a vida, como proposta de vida. 

Essa proposta de vida, na intenção de Jesus, passa pela prática livre no gesto bíblico do lava pés. Pela doação de si mesmo, para elevar a vida do outro. Constitui caminho de entrega apaixonada em testemunhar o amor, como missão no mundo, para a construção do bem e de elevação da vida das pessoas. Seguir Jesus Cristo nada mais é do que fazer o mesmo percurso de doação que ele fez. 

Diante da proposta de vida, é inconcebível ficar tranquilo diante do sofrimento dos pobres, dos excluídos, dos pequenos, dos abandonados, dos doentes. Todos eles dependem da solidariedade e do cuidado de quem é capaz de ser cuidador, e de quem tem coração sensível e solidário. São práticas que revelam amor, assentimento de fé no Deus da vida e na capacidade de fazer o outro feliz. 

 

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

 

Para amar a Igreja de Cristo é preciso aprofundar a compreensão do discipulado. Embora, para alguns, o projeto inclusivo fira a unidade da Igreja, e por isso mesmo reservam o discipulado para poucos, entretanto, a ideia da comunidade, desde o princípio, foi sempre de aumentar o número dos discípulos e abarcar, por fim, o mundo inteiro. São Paulo compreendeu a questão e gritou aos seus: “me fiz tudo por todos”.  

A questão agora é a seguinte: o discipulado é para todos ou apenas para alguns? 

Esta questão não é um dilema, pois a noção inicial de cristianismo era aumentar a família de Deus, razão pela qual a representação das doze tribos territoriais não servia mais. Ela foi reestruturada e reconstituída sobre os apóstolos, com a perspectiva e a previsão de se alargar cada vez mais. 

A conclusão dos Evangelhos pascais indica sempre o mandato de ir pelo mundo e converter a todos. A experiência do ressuscitado é de alargamento da tenda. 

Em cada tempo, a mensagem do Ressuscitado abarca a vida presente, pois o Senhor institui um discipulado que nunca pesa nem cansa. Ao contrário, o discipulado levita o coração pesado e conserta as vidas quebradas. O peso não pertence ao discipulado de Cristo. 

Pelo mundo afora a missão se estende e é um mandato concreto. A missão tem uma finalidade: converter muitos para Cristo. A conversão não é violência, mas correção de caminhos para confluir no único caminho que faz sentido, Cristo. De fato, só quem pode unificar a vida faz sentido para ela. 

O discipulado é a própria vida, não uma reflexão sobre a vida! Como tal ele se desdobra no seguimento do caminho e da verdade, pois, para a vida só a vida faz sentido. 

Portanto, o caminho aberto diante dos seguidores de Cristo é a existência própria do discípulo que se desdobra em anúncio, testemunho, esperança, caridade e fé. 

Por não ser um conceito, a vida é uma experiência que se representa melhor como a viagem que fazemos por este mundo. 

Enquanto viajamos e perambulamos, conversamos e contamos histórias sobre o Reino de Deus, e, à medida que o caminhar avança, o discípulo é surpreendido pela vida que testemunha o milagre e a irrupção do impossível na história, chegando a compreender, por fim, que a viagem é do Espírito Santo. 

O Espírito Santo, agora, rasga o céu do Oeste ao Leste do mundo e subverte a finitude da inteligência e a limitação das forças. 

Depois de dias cansativos e infrutíferos na pesca e na seara do Senhor, para oferecer algo que lhe seja agradável, o discípulo se maravilha ao descobrir que o Senhor já o precedeu, caminhou à sua frente e já tem uma mesa pronta  

Desse modo, a vida se faz mais vida e se desvela naquilo que não cabe mais em si mesmo, e ainda assim é real! 

 

 

 

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